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Comando de Fronteira Solimões, 8º Batalhão de Infantaria de Selva em Tabatinga, promove Estágio de Adaptação e Vida na Selva

Entrevistas e Fotos: Silvio Brasil de Lima
Endereço eletrônico: brasil_am@hotmail.com

Com exclusividade, no último 23 de março, a equipe do Jornal Solimões acompanhada do Comandante do 8º BIS, Ten Cel Marco Antônio Estevão Machado e, militares que fizeram parte da comitiva, visitaram os 36 militares recém chegados à guarnição (entre homens e mulheres) vindos de diversas regiões do Brasil que, participaram do Estágio de Adaptação e Vida na Selva. Dos 36 militares que participaram do Estágio, 20 são profissionais da área da saúde. O local foi no Igarapé do Capacete, à 1h30 o percurso, saindo de voadeira de Tabatinga. Detalhes da missão, a seguir.

“Esse estágio é de caráter obrigatório para todo militar que venha servir na área da Amazônia. Tem por objetivo transmitir os conhecimentos necessários para, em uma situação de emergência, que eventualmente possa enfrentar, tenha as condições mínimas de sobrevivência na Selva”, Ten Cel Marco Antônio Estevão Machado, Comandante do CFSOL/8ºBIS.

No que se refere aos médicos, odontólogos, farmacêuticos, etc., que participaram desse estágio, o comandante considera importante que esses profissionais da saúde conheçam a realidade ao qual a população local vive para poder sobreviver. “Tenho certeza de que vão enxergar com outros olhos, quando tiverem que prestar um atendimento de saúde a essas populações no hospital onde irão servir futuramente”, comentou.

Disse que os militares que participaram desse estágio estão coroando um período de instrução de 45 dias, são jovens, profissionais da saúde, oriundos do Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, etc., que vieram prestar serviço militar obrigatório em Tabatinga. Argumentou que a partir do momento que estão vivendo essa experiência na selva, “penso que terão melhores condições em atender a população que vive nessa região do Alto Solimões”. Lembrou que o treinamento teórico é de 45 dias, sendo que, os últimos 10 dias são dedicados exclusivamente, a essa parte prática, no batalhão e na selva que, é o coroamento dessa instrução.

Perguntado sobre algum incidente que ocorra com esses militares, como por exemplo, picada de animal dessa região de selva, o Ten Cel Machado disse: “Particularmente para essas equipes que estão realizando a sobrevivência, cada uma têm uma arma de caça, um fuzil, equipamentos de rádio, quites de primeiros socorros, para que eventualmente possam prestar esse primeiro atendimento. Temos também, uma equipe de apoio logístico que fica próximo do local supervisionando os trabalhos, em condições de atender qualquer eventualidade de acidente que ocorra.”

O comandante relatou que esse tipo de missão ocorre pelo menos três vezes ao ano. “São militares que vêm servir na Guarnição de Tabatinga e, pela 1ª vez servindo na selva. A segunda oportunida-de/missão são com os médicos, dentistas e farmacêuticos e, a terceira, será com os soldados que incorporaram no quartel e estão prestando serviço militar obrigató-rio”, afirmou o Ten Cel Machado.

“Gostaria de relembrar, primeiramente, o caráter obrigatório desse estágio de quem vem servir em nossa região Amazônica. Segundo, o que acho relevante nesse estágio, sinceramente é que a gente passa a olhar a população com olhos diferentes, depois que vivencia alguns dias nessas dificuldades, a qual a equipe do Jornal Solimões presenciou a real situação e, a partir daí, passa a entender melhor, o que essa população vive, isso faz com que possamos servir melhor quem vive nessa região. Selva”, certificou o Comandante do CFSOL/8º BIS, Ten Cel Machado.

Ten Marcia de Barcelos Londero: “A maior dificuldade para todos, foi a questão do esforço físico, tendo em vista as poucas horas de sono. Porém, a equipe tem mostrado um excelente preparo, inclusive não tivemos nenhuma baixa, o que demonstra um resultado positivo. Estamos nos alimentando principalmente com a coleta de vegetais que caem das árvores. A selva é um shopping center, basta andar poucos metro e, já encontra-mos frutas, vegetais, etc., para o próprio consumo. No período que antecedeu a nossa vinda para selva, tivemos um curso de instrução de sobrevivência na selva, com armadi-lhas para pequenas aves ou o que for necessário para sobreviver. Vale ressaltar que todos militares que compõe a equipe, nunca tiveram uma experiência anterior como essa, de sobrevivência na selva. Usamos os conhecimentos adquiridos no estágio de adaptação e vida na selva. Todos que passaram por essa experiência relatam que cresceram intelectualmente, tanto pelo conhecimento específico, porque os conhecimentos relativos a selva amazônica são específicos, bem como pelo desenvolvimento de vários atributos, de relacionamento, companheirismo, responsabilidade, respeito, etc. São vários ensinamentos que vão marcar para sempre nossas vidas, inclusive para vida prática, fora dessa situação de estágio. Tudo pela Amazônia. Selva!”

Dra. Rachel Felix Muffareg, aspirante a tenente: “Estamos vivendo momentos positivos e, a oportunidade de conhecer a realidade da Floresta Amazônica, tendo em vista que sou oriunda/natural do Rio de Janeiro. É um processo único de aprendizagem com a população local, de como conseguir alimento em uma situação como essa para sobrevivência. É uma experiência de que, em outra região, dificilmente teríamos a oportunidade de conhecer essas técnicas de sobrevivência na selva. A impressão que fica, é que, esse é o verdadeiro Brasil. O que muda a partir desse momento, sobretudo na parte médica, quando vamos atender um paciente dessa região ou semelhante, conseguimos entender melhor a realidade local. Se percebe que você é muito mais forte do que se imaginava, pelo fato de superar momentos que, até então, nunca se imaginava em passar. A compreensão tanto no atendimento médico, como no diálogo com a população em geral; a partir desse momento, consegue-se compreender melhor a situação, colocando- se no lugar da pessoa (paciente) de uma forma mais natural. O curso de instruçã
o que tivemos está contribuindo muito para essa real situação. Por exemplo: como caçar, de montar abrigo, a importância da fogueira, quais árvores procurar alimentos, etc. Se não fosse o curso de instrução, iríamos chegar aqui, sem saber por onde começar. Como estamos ao entorno de um igarapé, para cada litro d'água, 2 gotas de hipoclorito, espera-se 30min para poder ingerir. Estamos nos alimentando de peixe, retirado do igarapé; frutas, açaí, coquinho, cacau, etc.”


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