A educação do século XXI: seus paradigmas e contradições
Lizandro Barbosa da Silva* |
Pensar na educação do século XXI, é refletir os principais paradigmas que norteiam a educação. Qual(is) tendência(s) pedagógica(s) que rege(m) a educação brasileira atual? Como é a relação docentediscente? De que forma o Estado vê o profissional do magistério? E o educador, como percebe sua des(valorização) perante as políticas públicas? Ao questionar-me a respeito dessa problemática, vejo que é possível tomar alguns caminhos a fim de tentar reverter essa celeuma em que se encontra a educação atual.
A começar pelo modelo de educação, percebe-se que existem as seguintes pedagogias: Liberais (Tradicional, Renovada progressista, Renovada não-diretiva e Tecnicista) e Progressistas (Libertadora, Libertária e Crítico-social dos conteúdos). Com a nova Lei que rege a educação nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, nota-se que houve mudanças nos paradigmas educacionais, mas até que ponto melhorou ou não o quadro da educação no Brasil? São questionamentos que a todo momento podemos fazer não só em sala de aula, mas nos debates públicos que poderão melhorar nossa sociedade.
O que percebe-se é que saímos de uma pedagógica liberal tradicional, que segundo Oliveira (2006, p. 105) “O professor é o direcionador da aprendizagem, porque o adulto é considerado completo em sua capacidade racional, enquanto a criança é vista incompleta e imatura”, em direção a uma Pedagogia Progressista Libertária (o método é o da vivência grupal na forma de autogestão) e Humanista-Libertadora (onde o método é o dialógico e o da pergunta).
Com essas transformações, é observado que se deixou demais uma certa liberdade no ensino - aprendizagem. Hoje verificamos que o aluno parece ter muito mais direito do que o professor no espaço escolar. Parece ser uma relação vertical e não horizontal.
Anualmente, o discente não é mais reprovado em apenas 01 (uma) disciplina, onde “poderá ser submetido à Recuperação Final em até 3 componentes curriculares, desde que o obtenha 30 pontos no somatório das avaliações dos quatro bimestres” (Res. 99∕ 03-CEE∕ AM-Art. 2 § 8º). O docente tem que fazer inúmeras recuperações paralelas a fim de ajudar o educando a avançar nos estudos. Não quero jamais eximir daqui nossas obrigações, mas ressalto a falta de políticas públicas para atuarem junto a comunidade escolar, com o objetivo de sanar tal problemática. Com relação às indisciplinas, não existe uma equipe técnica pedagógica (psicólogos, assistente social, psicopedagogos) atuando nas escolas para sanar essas dificuldades. O Estado cada vez mais cobra o melhor índice do IDEB, e o que o mesmo está fazendo para
melhorar a auto-estima do educador? A resposta parece vir de imediato, redução de carga horária, qualificação do profissional, adequação do salário base ao mínimo. Mas onde se nota isso tudo? Penso que no mundo das idéias de Platão. Algo de bom pode até estar ocorrendo, mas está muito longe de termos uma educação de qualidade baseada na nossa Constituição Federal.
melhorar a auto-estima do educador? A resposta parece vir de imediato, redução de carga horária, qualificação do profissional, adequação do salário base ao mínimo. Mas onde se nota isso tudo? Penso que no mundo das idéias de Platão. Algo de bom pode até estar ocorrendo, mas está muito longe de termos uma educação de qualidade baseada na nossa Constituição Federal.
E quais são ou serão nossas ações de educadores perante essa problemática? Cito como um modelo de inspiração o grande lutador em defesa de seu povo: Martin Luther King que “morreu muito jovem, ao redor dos quarenta anos. Não corria atrás de status, mídia, fama, glória, apenas perseguia aquilo que acreditava. Seus discursos até hoje inspiram milhões de pessoas a lutarem pela igualdade e liberdade” (CURY. 2004, p. 90).
Chamo a atenção para igualdade e liberdade que nós educadores deveremos ter perante nossos direitos, uma vez que o docente é tão qualificado quanto em outras profissões de nível superior, mas tão mal remunerado e valorizado, fazendo uma analogia da situação.
Completo ainda, com um trecho do discurso “Eu tenho um sonho” de Martin Luther King apud Cury (2004, p. 91) em que diz: “Eu tenho um sonho no qual um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado do seu credo... que todos os homens são iguais...” E acrescento as palavras do Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire “se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda¹”, o mesmo ressalta (1996, p. 98) “ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo ... ensinar exige liberdade e autoridade”.
Vale a pena lembrar também a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394∕96, que no Art. 67 está assim: “Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério”. Há muitas teorias, falácias e retóricas, porém faltam as práticas.
Perante essas indagações, deixo que cada um de nós possamos refletir a Paidéia² esperada, onde a polis poderá ser concebida como platônica (428-347 a.C.) no sentido de irreal, somente no mundo das ideias, ou na forma de Aristóteles (384-322 a.C.) “Se a cidade é a associação de iguais, justiça é o que garante o princípio da igualdade” (ARANHA. 2003, p. 224), ou melhor um outro caminho que possamos criar para que nossa sociedade seja justa entre os iguais.
² É então que o ideal educativo grego aparece como paideia, formação geral que tem por tarefa construir o homem como homem e como cidadão. Platão define paideia da seguinte forma "(...) a essência de toda a verdadeira educação ou paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento" (Cit. in Jaeger. 1995, p 147). A paideia, vem por isso a significar "cultura entendida no sentido perfectivo que a palavra tem hoje entre nós: o estado de um espírito plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas as suas virtualidades, o do homem tornado verdadeiramente homem" (MARROU. 1966, p. 158).
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia. 3 ed. São Paulo: Moderna. 2003.
CURY, Augusto. Nunca desista dos seus sonhos. Rio de Janeiro: Sextante. 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996. LDB Interpretada: diversos olhares se entre cruz m . Iria Brzezinski (Organizadora). 8. Ed. São Paulo: Cortez. 2003.
OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno. Filosofia da Educação: Reflexões e Debates. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes. 1996.
PAIDÉIA. In: Wikipédia. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paideia> Data de acesso: 18/04/2013
PAULO FREIRE. In: Kd frases. Disponível em <http://kdfrases.com/frase/111113> Data de Acesso 18/04/2013
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia. 3 ed. São Paulo: Moderna. 2003.
CURY, Augusto. Nunca desista dos seus sonhos. Rio de Janeiro: Sextante. 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996. LDB Interpretada: diversos olhares se entre cruz m . Iria Brzezinski (Organizadora). 8. Ed. São Paulo: Cortez. 2003.
OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno. Filosofia da Educação: Reflexões e Debates. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes. 1996.
PAIDÉIA. In: Wikipédia. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paideia> Data de acesso: 18/04/2013
PAULO FREIRE. In: Kd frases. Disponível em <http://kdfrases.com/frase/111113> Data de Acesso 18/04/2013
*Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
Licenciado em Letras pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
Educador SEDUC-Tabatinga/AM
Licenciado em Letras pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
Educador SEDUC-Tabatinga/AM
Email: libarbosa76@hotmail.com
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