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Desenvolvimento mental infantil: o que os pais podem fazer para ajudar os filhos?


Na primeira edição do Encontros Crescer, a Dra. Ana Maria Escobar esclareceu dúvidas de leitores sobre desenvolvimento mental infantil  (Foto: Cleiby Trevisan)



A pediatra e colunista da CRESCER Dra. Ana Maria Escobar fala sobre os principais problemas neuropsicomotores enfrentados na infância e dá dicas de como evitá-los


Por Andressa Basilio - atualizada em 05/08/2013 17h49



Na primeira edição do  Encontros CRESCER, que aconteceu nesta segunda (5/8), com patrocínio do Enfagrow, os leitores tiveram a oportunidade de ouvir uma aula sobre desenvolvimento mental das crianças e fazer perguntas para a nossa convidada especial, Dra. Ana Maria Escobar, que é pediatra, colunista da revista e consultora do programa Bem Estar (TV Globo). Durante a palestra, a especialista falou sobre o papel dos pais e cuidadores para melhorar o desempenho da criança em vários aspectos. Confira:



CRESCER: Existem algumas medidas simples que os pais podem tomar no dia a dia para ajudar a criança, desde o nascimento, a ampliar a capacidade cognitiva e melhorar memorização, atenção e imaginação?



Dra. Ana Maria Escobar: Algumas medidas são muito importantes, principalmente nos períodos que a gente chama de janelas de oportunidade. A primeira delas está relacionada à alimentação adequada nos primeiros anos de vida. Nesta etapa é fundamental contar com o aleitamento materno exclusivo até os seis meses – ou, para aquelas mães que não podem amamentar, o uso de fórmula com compostos, como DHA e ARA. É isto que vai ajudar o cérebro a funcionar melhor. A segunda etapa é fornecer o maior número de estímulos afetivos - entram aí carinho, conversa, cantoria e aconchego - e motor, sempre respeitando as etapas do desenvolvimento. Isso significa que você não deve pressionar uma criança de 7 ou 8 meses para que ela ande precocemente. Deixar chorar em pequenas medidas faz parte desta etapa, já que a adrenalina é também um bom estímulo para os neurônios infantis. A terceira e última janela de oportunidade é a aquisição da linguagem - aí estão inclusas conversas, leituras e contação de histórias para a criança.



C.: Existe alguma providência que os pais podem tomar em todas asjanelas de oportunidade, ou seja, que são comuns e constantes às etapas do desenvolvimento?



Dra. Ana: Sim, existe uma medida que é superimportante e, muitas vezes, os pais não se dão conta disso: o brincar. Deixar a criança brincar bastante estimula o pensamento mágico e ajuda a desenvolver melhor a imaginação e a criatividade.



C.: Com o tanto de estímulo e informação de hoje em dia, nos tablets, smartphones e até na própria televisão, é necessário proporcionar um tempo de descanso para o cérebro infantil? Se sim, como ele deve ser?



Dra. Ana: O descanso é fundamental. É como um exercício físico: você começa a correr, correr e, se não parar, seu corpo vai ficar fadigado. Com o cérebro acontece a mesma coisa. A gente precisa entender que, quando estamos fazendo alguma atividade ou apreendendo informações, o cérebro está se cansando. Mexer em computador, tablets e smartphones é um tempo que a gente chama de inatividade recreacional. É uma forma de estímulo para a criança, mas é só do tipo visual. E, por isso, este tempo deve ser limitado a 2 horas por dia. O melhor descanso é mesmo desligar o computador e ir brincar. Lembrando que os estímulos táteis são os mais importantes: nada como uma criança brincar na terra, na grama, pisar na areia...



C.: Problemas relacionados à linguagem, como uma criança que demora muito para falar ou não consegue expressar opiniões, estão relacionados a quê? Até que ponto esse atraso é normal?



Dra. Ana: A aquisição da linguagem é uma das etapas mais importantes do desenvolvimento. Desde bebê, as crianças já emanam sons. Com 1 ano de idade, apesar de ainda não falar, já é capaz de compreender e se fazer entender e, a partir daí, já começa a formular palavras e frases. Com 4 anos de idade, a linguagem precisa estar totalmente completa. Se isto não está acontecendo, é um sinal de alerta e os pais precisam ficar atentos e reportar o problema ao especialista, que vai fazer uma investigação. Pode ser só um problema de fonação, ou seja, a criança não consegue articular bem as palavras, ou pode estar relacionado à dificuldade de elaboração do pensamento. Pais e cuidadores têm um papel fundamental de captar o alerta. Outra coisa importante: as crianças aprendem com os exemplos dos pais. O adulto deve se dirigir a ela de maneira clara e correta. Se a criança fala errado, nada de ficar exaltando isso porque acha bonitinho.



C.: É possível enumerar problemas mais comuns relacionados ao desenvolvimento neurológico infantil?



Dra. Ana: Sim. A gente tem o desenvolvimento que se chama neuropsicomotor. No que diz respeito ao desenvolvimento neurológico, o mais comum é mesmo os atrasos na fala e a dificuldade da elaboração na linguagem. Em relação ao psicológico, a gente trabalha bastante com a dificuldade de socialização, e o motor são os atrasos nas etapas, como, por exemplo, aquela criança que demora muito para andar e engatinhar.

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