Do vazio existêncial da pós-modernidade
Por: Vidal Neto* |
Muitos já devem ter se
perguntado ou sentido essa insatisfação a respeito dos produtos de propagandas
espalhados em todos os lugares, produtos milagrosos colocados como mágicos pela
publicidade e outros meios de comunicação. Essa sensação de engano dos dias atuais
que não é nem tão atual assim se formos analisar, é nada mais nada menos que a
grande decepção causada pela expectativa anunciada pela formação dos Estados
Modernos, nos Sec. XVI ao XVIII, onde a racionalidade veio como a salvação de
todos os males existentes, pregando o milagre da democracia, com a criação de um estado benéfico. Uma espécie de
pacto entre os teóricos e o povo foi feito, promessas feitas e instituições
legitimadora do poder, criadas para garantir sua perpetuação e combater quem
for contra sua ideologia. Bem, diante das promessas de felicidade não
cumpridas, o Estado esse “monstro”
que deu certo e o “american way of life” sendo imposto como modelo ideal
de vida, e questionados depois de algum tempo
percebeu-se que eram falhos.
Vejamos a sociedade capitalista desde sua criação tem como objetivo
transformar tudo em mercadoria onde sua expansão vai dominar desde os meios de
produção até os meios de consumo. O
homem racional passa então a eleger novos dogmas e novos modelos de culto, por
exemplo: no mundo feudal era a religião
que a tudo supria, no estado moderno passa a ser a racionalidade pregada pelos pensadores do iluminismo surge como uma
espécie de salvação e avanço, e na modernidade foi o culto á ciência e tecnologia, a indústria cultural na contemporaneidade,
(Indústria cultural: foi um termo utilizado pela primeira vez pelos teóricos da
escola de Frankfurt, como Adorno,
Horkheimer, Marcuse nos idos anos de 1923) indústria cultural está desde a segunda grande guerra sendo
utilizada pelo sistema capitalista para impor a padronização dos costumes e
alienação humana através de mecanismos criados na divulgação de seus ideais
como: uso de propaganda de massas, meios de comunicação em geral, como a
publicidade,utilizada para exploração comercial e vulgarização da arte, vivemos
atualmente num mundo de representações,de modelos pré-fabricados que dificulta
cada vez mais a automação humana e prejudicando a liberdade de ações humanas
básicas como: o que comer, calçar, vestir ou mesmo , o que ouvir musicalmente
há uma massificação. “No capitalismo cria-se e faz-se aceitar tais criações
como algo legítimo, a mercadoria se “humaniza” e o homem” desumaniza”. A
indústria cultural vai passar à mercadoria
a falsa ideia de felicidade, a publicidade que uma de suas articulações vai prometer mil maravilhas sobre determinado
produto e induzir a maioria a adquiri-lo, e criar a ideia que é legal, normal
participar desse processo e que é ideal você fazer parte do jogo da “maioria”,
há uma inversão de valores, cria-se necessidades a cada minuto e o consumidor
fica perdido em busca do atual, são produtos mágicos (celulares, i-pod, i-pad,
carros potentes, cremes milagrosos... pílulas de felicidade instantâneas,
etc...). A sensação de mal-estar vem daí, da descoberta que tais produtos não
trarão felicidade e sim poucos momentos de deslumbre, uma alegria passageira,
fútil, fugaz. A publicidade foi criada com o nítido propósito de diminuir a
resistência do consumidor, o consumidor por sua vez se acha na obrigação de ser
feliz essa é a grande Meca da modernidade,e a grande contradição do sistema e a
descoberta a constatação que essa farsa da propaganda não preenche esse vazio,
não satisfaz, não trás a tal felicidade buscada. Em não cumprir o objetivo
propagado, a propaganda trás sim uma frustração e um mal-estar, o consumidor
preso a esse modelo de vida pode até em alguns casos se achar “livre” para suas
escolhas, mas essa falsa sensação de liberdade é citada pelo sociólogo polonês
Bauman que diz:” o consumidor tem a sua disposição apenas produtos padronizados
previamente aprovados pelo mercado”. Esses são os critérios “morais” da atual
sociedade consumista, herdada do chamado tecnicismo industrial, e sua eterna
máquina de criar adeptos, iguais entre si onde vão se auto afirmar neste jogo
de aparências, num universo de fantasia e imaginário propagado pela indústria
da propaganda. O objetivo deste texto é mostrar que o problema não é a produção
e sim a distribuição, a primeira vai atender a real necessidade e a segunda atende
a leis sociais, o sistema da indústria cultural mostra suas contradições, a
indústria não está preocupada em suprir e sim em lucrar. Em contrapartida uma
parcela considerável de indivíduos vai cada vez mais tomando consciência dessas
falhas alertar outros mostrando a eles o
perigo dessa “euforia da infelicidade”, temos que ter a autonomia
que somente através da análise crítica é que adquirimos fazendo surgir a real imagem da realidade
tornando o ser autônomo livre para escolher o que o satisfaz. Esse pensar consciente faz com que
acordamos para o humanismo real e como recompensa vem o prazer de forma plena
da real utilidade e funcionalidade das coisas. Deixemos a dica do grande
filósofo grego Epicuro dar a pista: “todos podem achar um jeito de ser feliz, o
problema é que a maioria procura nos lugares errados”. Despertemos então,
afinal as festas de fim de ano estão chegando.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS :
ADORNO,
Theodor & Horkheimer, Max. A Dialética do Esclarecimento. Rio de
Janeiro, Jorge Zahar Editores, 1986.
VIANA, Nildo (Org), MARQUES, Edimilson, ERISVALDO,
Sousa & JEAN, Isídio. Indústria cultural e cultura mercantil. Rio
de Janeiro, Corifeu, 2007.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e
Ambivalência. Trad. de Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editores, 1999.
*Graduado em História
pela Upis/UnB em Brasília –DF e pós- graduando em História do Brasil pela
Faculdade Cândido Mendes.
E-mail:sertaohot@hotmail.com
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