Tique Taque
Percebi que estou ficando velho. E não foi só por
causa dos fios brancos que começaram a brotar em minha cabeleira negra ,
nem porque meu amigo de colégio, da época em que a única mulher importante em
nossas vidas era nossa mãe, hoje já é pai de uma garotinha e tem outro filho
encaminhado. Também não é porque os jogadores de futebol que eu sabia o nome de
cor agora só comentam jogos e participam, no máximo, de uma pelada beneficente.
Ou porque atualmente eu é que empresto o cartão de crédito para o meu pai ou o
levo em consultas médicas e não o contrário, e concordo com ele em muito mais
assuntos. Não é apenas porque meu jogo de videogame preferido já está fazendo
quinze anos e agora eu nem preciso mais convidar os amigos pra jogar em casa,
continuamos jogando juntos, mas cada um na sua própria. Nem por eu não ter mais
que decidir o que eu vou ser quando crescer, mas sim, crescer com aquilo que
escolhi ser.
Mas se envelhecer tem um lado assustador (que o diga
minha gastrite), também tem me trazido um aprendizado e um
entendimento que podem compensar a constatação de que
o tempo está passando. Porque o tempo me ensinou muitas coisas.
Aprendi , por exemplo, que ele é imutável . Ele não
avança, para que a dor de um amor que deu errado se cure logo; não pára, nem
mesmo para que se possa aproveitar um pouco mais aquela noite com os amigos ou a
família; e nem tão pouco volta, para tentar fazer direito o que fizemos errado
ou, então, quem sabe, jogar na Mega Sena depois que já se viu o resultado. Não,
o tempo não está nem aí para os nossos nos faz felizes.
Aliás, se eu tivesse de dar um conselho para a nova
geração (outro hábito de quem tá envelhecendo, achar “super legal” ficar dando
conselhos), eu não diria para usar filtro solar, embora esse seja um bom
conselho, tenho certeza de que alguém já disse isso por aí; então eu diria:
Continue. Sim, não pare, evolua. Porque tenho percebido uma quantidade razoável
de pessoas, amigos ou apenas conhecidos, que têm se detido na vida por uma ou
outra razão. Por um amor mal resolvido, por uma pessoa querida que se foi e não
vai mais voltar. Por se prender ao passado, romantizar uma época que já passou,
e por acreditar que nunca mais vai ser feliz como naquela época. Por se prender
a um trabalho que, ao invés de deixá-lo motivado e cheio de expectativas para o
futuro, o transforma numa pessoa mal humorada e reclamona. E, principalmente,
por achar que a culpa de tudo isso é do mundo, dos fatores externos e não sua
própria. Por achar que a vida começa a declinar aos quarenta e poucos anos, ou
até com menos. Mas a vida não precisa declinar. Cada fase tem as suas vantagens
e os seus benefícios, desejos, mas se você compreender que é você que tem de se
adaptar a ele e não o contrário, então pode aprender muitas coisas e aproveitar
muito bem a vida. E quando falo em aproveitar, não estou querendo dizer que temos
de viver “La vida Loca” e sermos felizes o tempo todo (ninguém é), mas aprender
a dar valor ao que é importante e ao que nos faz felizes.
Aliás, se eu tivesse de dar um conselho para a nova
geração (outro hábito de quem tá envelhecendo, achar “super legal” ficar dando
conselhos), eu não diria para usar filtro solar, embora esse seja um bom conselho,
tenho certeza de que alguém já disse isso por aí; então eu diria: Continue.
Sim, não pare, evolua. Porque tenho percebido uma quantidade razoável de
pessoas, amigos ou apenas conhecidos, que têm se detido na vida por uma ou outra
razão. Por um amor mal resolvido, por uma pessoa querida que se foi e não vai
mais voltar. Por se prender ao passado, romantizar uma época que já passou, e
por acreditar que nunca mais vai ser feliz como naquela época. Por se prender a
um trabalho que, ao invés de deixá-lo motivado e cheio de expectativas para o
futuro, o transforma numa pessoa mal humorada e reclamona. E, principalmente,
por achar que a culpa de tudo isso é do mundo, dos fatores externos e não sua
própria. Por achar que a vida começa a declinar aos quarenta e poucos anos, ou
até com menos. Mas a vida não precisa declinar. Cada fase tem as suas vantagens
e os seus benefícios, os seus privilégios. Cito meus pais, por exemplo, que se
até outro dia mal sabiam como atender o celular, hoje leem jornal pela internet,
compartilham vídeos, fotos e até batem papo pela rede. Claro que eles não vão
brigar no mercado de trabalho com as gerações mais novas, mas o importante é a
experiência, é o aprender. Foi com esse espírito que meu pai, já aposentado,
decidiu cursar uma faculdade de Direito. Não para ser um futuro advogado, mas
pelo prazer de aprender uma coisa nova e que o agrada.
E se tem uma coisa que eu aprendi vivendo e também
observando, é que a vida não é uma corrida, mas muitas pessoas agem como se fosse.
Estão sempre competindo, com pressa, querendo chegar em algum lugar e cada vez
mais rápido, como se a única coisa importante fosse esse ponto, muitas vezes
quase inatingível. Mas a vida é um passeio. E o que importa mesmo é o caminho
que percorremos, é aproveitar a viagem enquanto vamos de um objetivo, meta ou
sonho, não importa que nome você use, a outro.
Parafraseando Legião Urbana, “no fim das contas,
ninguém sai vivo daqui, mas vamos com calma”. Então, aprecie a viagem,
aproveite o passeio, compartilhe com as pessoas que você ama e não tenha tanta
pressa para chegar lá. Porque no fim, mais importante do que a chegada, é o que
te aconteceu no caminho que conta. E você é o principal responsável. E nem
adianta reclamar depois, porque o tempo, como eu já disse, não vai parar e nem
muito menos voltar só porque você quer. E nem precisa ser Eisten pra saber disso.
Basta olhar pro seu próprio relógio. Tic Tac.
E-mail: pdcomics@hotmail.com
Nenhum comentário
Obrigado pelo seu comentário!!